top of page

Um dia de formiga

  • Foto do escritor: Flora Simon
    Flora Simon
  • 22 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Hoje eu tive um dia daqueles. Vocês sabem, quando a gente faz todo um planejamento e um pequeno deslize leva tudo pro buraco. Eu estava levando aquela folha verde e rechonchuda que iria ajudar na alimentação do formigueiro, mas minha patinha inútil escorregou numa lama que tinha no meio do caminho e, de repente, a folha desapareceu. Sumiu; enterrada, inútil; para sempre.

Na hora o meu mundo desabou; afinal, era MINHA responsabilidade levar aquela saborosa folha para a minha família, era MINHA missão. Agora estava tudo arruinado... O dia estava perdido, não tinha mais volta. Se eu quisesse começar de novo, precisaria voltar por todo aquele longo caminho onde eu achei a preciosa folha, isso se eu lembrasse do caminho. Ficava há quantos metros de distância mesmo? Nem sei, já é passado agora, melhor nem tentar.

Às vezes me pergunto se as outras formigas dependem tanto de mim assim, se não sou só mais uma formiga neste mundo infinito de formigueiros de tudo que é tipo. Porque certamente há várias formigas por aí que nunca deixam cair suas folhas. São aquelas que se destacam, que certamente não devem passar por este tipo de problema. Ou será que sabem esconder bem? Mas nossa, deve ser bem difícil esconder tamanho sofrimento.

Bom, no fim das contas a verdade é que sou uma formiguinha como qualquer outra, fazendo meu melhor para que meu formigueiro cresça e se desenvolva, e carregando objetos de 50 vezes o meu peso - ou ao menos é o que dizem por aí. Que engraçado, quando paro para pensar me parece ser uma tarefa um tanto complicada. Talvez eu não seja a única formiga por aí que passa por dificuldades.

Será que às vezes nós agimos no automático porque ouvimos certas coisas desde pequenas? Coisas tipo seja uma boa formiga, contribua para a sociedade, trabalhe direitinho e sustente sua família, e assim será recompensada. Tá, eu entendo isso, mas será que precisamos ser perfeitos em tudo? De novo, fico achando que até aquelas perfeitas devem ter seus defeitinhos, mas por algum motivo escolhem não demonstrar.

Claro, eu não me considero a formiga mais sábia dos arredores, mas gosto de pensar que podemos errar e aprender com os erros. Prefiro pensar que em alguns dias chove, o formigueiro alaga e se destrói, mas em sociedade conseguimos achar um jeito de reerguê-lo. Prefiro pensar que às vezes a gente escorrega e cai; mas a vantagem em ser formiga é que logo atrás temos uma amiga que vai nos ajudar a levantar.

Gosto de ser formiga. Sei que erro, mas aprendo e continuo meu caminho, e sei que tenho apoio. Sei que nem tudo está no meu controle, e por vezes é uma questão de colocar as patinhas para cima e relaxar, sem culpa. Claro que tudo isso parece muito lindo no pensamento, mas estou tentando aos poucos colocar em prática. E ainda: amanhã é um novo dia, eu vou acordar e ir atrás de uma nova folha. É bom ser formiga.


 
 
 

Yorumlar


Post: Blog2 Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)!

©2020 por Flora Würth Simon - Escritora. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page