top of page

Videoconferência

  • Foto do escritor: Flora Simon
    Flora Simon
  • 8 de set. de 2020
  • 3 min de leitura


- E aí, galera, que saudades, hein? - saúda Marcela.


- Guria, finalmente! Achei que nunca íamos conseguir conversar de novo.


- Capaz, Jorge, isso aí é culpa da Elisa que resolveu fugir para um lugar que nem pegava internet, hahaha.


- Nossa gente, desculpa, mas essa coisa de ficar preso em casa é complicado... Prefiro ficar no meio do mato mesmo, sorte que meus tios têm o sítio aqui. Mas admito que uma hora tive que voltar, não se faz mais nada hoje em dia sem rede, né.


- Sim, é verdade. O bom é que podemos nos ver por aqui, dessa vez todos juntos e conectados - fala Luís, o último a entrar na conversa.


- O que vocês têm de novidade? - pergunta Marcela - Aqui tá uma loucura, nunca vi home office dar mais trabalho do que ir pro escritório.


- Por aqui estou retomando aos poucos. Foi tão bom ter tirado férias bem no começo dessa pandemia, consegui ficar uns dias no mato - comenta Elisa.


- Eu infelizmente sigo desempregado, galera... Não tá fácil achar vagas agora, mas pelo menos tô aproveitando para colocar as leituras em dia. E tô muuuito feliz por estar vendo vocês! Sério, nossos barzinhos fazem muuuuuita falta.


- Nem fala, Jorge. Eu estou estudando intensamente, de vez em quando fazendo uns plantões para pagar as contas. Como a prova de residência segue confirmada, preciso me empenhar né! Mas eu queria mesmo era saber o que a Elisa andou fazendo neste tempo no mato - solicita Luís.


- Então, como aqui é mais isolado deu para fazer várias caminhadas, descobri novos cantinhos secretos. Alguns dias andei até de cavalo, e ontem a minha tia me ensinou a fazer um bolo de cenoura deli...


Elisa é interrompida por um grito agudo de Marcela, uma exclamação de assombro de Jorge e um estrondo de Luís empurrando sua cadeira para trás.


- Amiga... - começa Jorge, devagar - Não vira agora, tá, mas acho que tem algo estranho atrás da tua câmera...


- Gente, n-não é s-só eu que to v-vendo isso, então? - gagueja Luís.


- Ai, vocês estão me assustando, o que tá rolando? - pergunta Elisa, com os olhos vidrados no computador - Vocês sabem que eu não enxergo a minha própria tela nesse app...


- Amiga, você não está entendendo... Tem uma sombra bizarra na parte de trás da tua câmera, parece daquele filme Sobrenatural - Marcela se encolhe, arrepiada - Tu tá sozinha aí? - sussurra.


- No momento sim, meus tios saíram para uma caminhada...

- Tchê! Isso não pode ser real - comenta Jorge, baixinho - A sombra tá chegando mais perto...


- Não consigo, não, não, não - sibila Luís, tapando o rosto com as mãos.


-AAAAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAAAHHHHHHH!!!!!


Um grito excruciante pôde ser ouvido do computador de Elisa. Todos os amigos dão um salto para trás; Luís inclusive cai da cadeira.


A amiga, sem conseguir se conter, começa a dar uma gargalhada alta; a sombra havia desaparecido de sua tela.


- Ma...mas o que tá acontecendo? – gagueja Marcela.


- Hahahahahaha - riu Elisa - Migos, hahahaha, vocês caíram feito patinhos! Esqueceram que eu sou aspirante à cineasta?


Luís, roxo de susto, se apoia devagar na cadeira para se sentar novamente - Por que fazer isso com a gente? Quase infartei!


- Elisa, tu é uma parada - comenta Jorge, o primeiro dos três a entender o truque da amiga - Teve tempo de sobra para nos pregar uma peça, né?! Espera a gente poder se ver de verdade!!! - ameaça ele, rindo.


Os outros amigos, ao entenderem tudo, entram na brincadeira, respirando aliviados.

 
 
 

Kommentare


Post: Blog2 Post

Formulário de inscrição

Obrigado(a)!

©2020 por Flora Würth Simon - Escritora. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page